O Calvário de Arouca, foi mandado erigir, no século XVII, pela Confraria do Senhor dos Passos, instituída na Capela da Misericórdia em 1621 e que tinha por missão, entre outras, organizar a procissão dos Passos, durante as celebrações da Quaresma. Tal como o Calvário, também os restantes cruzeiros espalhados pela vila, a assinalar o percurso processional, foram mandados construir pela referida Irmandade, mas já no início do século XVIII.
Implantado num maciço rochoso, estamos perante um exemplar de arquitectura religiosa, distribuindo-se os elementos que o constituem de forma irregular e ascendente, desde o nicho, colocado na base, aos cruzeiros, situados no alto do maciço. Na parte mais elevada, destacam-se três cruzeiros de granito, ostentando o cruzeiro central, de estatura mais elevada, a data de 1627 inscrita no pedestal. Um pouco abaixo, do lado esquerdo, encontra-se um púlpito de granito, cilíndrico, datado de 1643. Do lado direito, vêem-se três outros cruzeiros de granito.
Este conjunto implantado num penedio, revive os Passos da Paixão de Cristo, pretendendo aqui mimetizar a natureza rude, abandonada e dolorosa do Calvário, pelo que a integração de um púlpito para a liturgia torna este monumento sintomaticamente original.
Procissão dos Fogaréus
A Procissão do Sr. dos Passos, teve início no ano de 1626, sendo Provedor o Pe. Diogo Dias. Actualmente denominada Procissão dos Fogaréus, realiza-se na quarta-feira da Semana Santa e relembra os Passos da Paixão de Cristo. Sai da Capela da Misericórdia em Via-sacra até ao Calvário, passando pelas Cruzes dos Passos.
As Cruzes dos Passos eram sete e estavam distribuídas pelas ruas existentes na Vila naquela época. Actualmente existem apenas quatro, uma no acesso ao Calvário, encostada à casa senhorial dos Malafaias, outra na Rua de Santo António, outra no Largo Ângelo Miranda e ainda outra adossada ao Mosteiro.
No passado, a Procissão procurava recriar as cenas da Paixão. Por isso, para além dos estandartes, dos andores, incorporando figuras bíblicas, e da “Verónica”, eram “armados” os Passos de Cristo.
A expressão “armar os Passos” traduzia-se no enfeite das Cruzes dos Passos com as pinturas actualmente expostas no Núcleo Museológico da Misericórdia de Arouca, que eram colocadas sob uma espécie de sanefa, em jeito de Altar. Este conjunto de pinturas, são de autor desconhecido, apesar de entendidos em arte sacra as atribuírem a Pedro Alexandrino (1730-1810). De estilo Neoclássico, retratam seis cenas de Cristo a caminho do Calvário.